Por Claudio Lottenberg

O Holocausto foi um evento trágico e sem precedentes na história da humanidade. Ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, liderado pelo regime nazista de Adolf Hitler na Alemanha, com a perseguição sistemática, discriminação e extermínio de seis milhões de judeus, de ciganos, de pessoas com deficiência, LGBTQI++ e dissidentes políticos, entre outros grupos considerados como “inferiores”. Naquele movimento havia uma intenção clara e determinada de eliminar um povo de forma generalizada, o que configura um processo de genocídio, termo que descreve a destruição deliberada e sistemática de um grupo étnico, racial, religioso ou nacional.

A campanha de perseguição e genocídio conhecida como o Holocausto visava a aniquilação total dos judeus europeus. Os judeus foram submetidos a leis discriminatórias, confinamento em guetos e, posteriormente, a deportações em massa para campos de concentração e de extermínio, onde foram assassinados em câmaras de gás, ou submetidos a trabalho escravo, fome, doenças e terríveis condições de vida.

O Holocausto teve um impacto profundo na comunidade judaica em todo o mundo. Além da enorme perda de vidas, muitas comunidades judaicas na Europa foram completamente destruídas. O Holocausto também teve um efeito duradouro na memória coletiva do povo judeu e no ressurgimento do movimento sionista, que buscava a criação de um estado judaico como uma resposta ao antissemitismo e ao genocídio.

É importante destacar que a história do povo judeu vai além do Holocausto. A cultura judaica, a história milenar, as contribuições para a ciência, filosofia, arte, literatura e diversas outras áreas são aspectos significativos que não devem ser negligenciados. No entanto, o Holocausto continua sendo um evento central e devastador na história e na identidade do povo judeu.

O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto é observado em 27 de janeiro. Essa data marca a libertação do campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau pelas forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial. O dia é dedicado à lembrança das vítimas do Holocausto, quando milhões de judeus e outros grupos foram perseguidos e mortos pelos nazistas.

Todos os anos ele é lembrado com a mensagem clara que devemos dar ao mundo: nunca mais!

A expressão “a história se repete” é muitas vezes usada para destacar padrões ou eventos similares que ocorrem em diferentes momentos. Embora haja ocasiões em que certos temas ou problemas persistem, cada período histórico é único, influenciado por uma variedade de fatores. É crucial aprender com o passado para evitar repetir erros, mas não é uma garantia de que eventos idênticos não ocorrerão.

A solução final foi a política genocida implementada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial para exterminar sistematicamente os judeus europeus. Esse plano foi desenvolvido como parte mais ampla da ideologia antissemita do regime de Adolf Hitler. O contexto inclui o antissemitismo enraizado na Europa, as teorias racistas da supremacia ariana promovidas pelos nazistas, a ascensão do Partido Nazista ao poder na Alemanha em 1933 e o desencadeamento da Segunda Guerra Mundial, em 1939. As atrocidades foram realizadas em campos de concentração e extermínio, onde milhões de judeus e outras vítimas foram brutalmente assassinados.

Mudou-se o contexto. Hoje os judeus têm o seu lar nacional. Encontram-se estabelecidos em várias partes do mundo, sendo suas contribuições amplamente reconhecidas. O papel de Israel, única e verdadeira democracia do Oriente Médio, transcende os espaços do mundo judaico. Imaginávamos que esta percepção do mundo plano, da economia globalizada, da preocupação com a incorporação tecnológica e questões do clima fossem a pauta do mundo contemporâneo. Até são, mas vem acompanhada do discurso de ódio.

O Holocausto nasceu no coração da Europa emancipada. Este mesmo antissemitismo, outrora rejeitado como um preconceito primitivo da Idade Média, renasceu, sofreu mutações, foi promovido e tolerado em toda a Europa. Se, na virada do século XX, tivéssemos que definir seus epicentros, uma resposta razoável teria sido a Paris do caso Dreyfus e a Viena, sob o seu presidente da Câmara, Karl Lueger.

Na memória viva do Holocausto, o antissemitismo regressou, exatamente como aconteceu no século XIX, exatamente quando as pessoas começaram a sentir que tinham finalmente vencido os ódios do passado. Hoje em dia, dificilmente existe um país no mundo, e certamente nenhum país na Europa, onde os judeus se sintam seguros. Este não é um problema dos judeus, mas de toda a humanidade. A intolerância e o preconceito sempre buscarão uma nova vítima.

Uma sociedade, ou mesmo um partido político, que tolera o antissemitismo, que tolera qualquer ódio, perdeu a credibilidade moral. Não podemos construir um futuro com base em mitos e mentiras do passado. Não podemos sustentar a liberdade com base na hostilidade e no ódio.

Lamentavelmente, é o que estamos assistindo neste momento.

Em 7 de outubro, um verdadeiro genocídio se estabeleceu, com um processo deflagrado por uma organização terrorista cujo estatuto serve de base para esta prática odiosa: eliminar o Estado de Israel e matar todos os judeus.

O que é isto se não a proposta de um novo Holocausto, agora engendrado no mundo das mídias digitais? E por elas se faz aflorar todo um discurso de ódio de natureza internacional que se expressa em um antissemitismo maquiado como antissionismo.

Nos defendemos e agora somos criticados por inimigos que pautam suas lógicas por posturas revisionistas, relativistas e negacionistas.

Israel tem o direito e o dever de se defender. As sociedades democráticas não podem aceitar, em hipótese alguma, que ocorra uma inversão na avaliação das responsabilidades e dos conceitos mais básicos.

O agressor deseja impor o medo como uma forma de controle. O medo pode ser uma ferramenta poderosa para manipular comportamentos, suprimir resistências e manter o domínio sobre uma população. Quando as pessoas têm medo, podem ficar mais propensas ao silêncio diante da opressão, evitando desafios ou resistência.

Nós não temos medo. Estamos convencidos de que nosso papel ao afirmar “nunca mais” vai muito além de Israel e dos judeus. O nosso papel é e sempre foi o da defesa do ideário da sociedade de valores e do respeito. Em nome dessa crença inabalável, sairemos mais fortes desse momento de dor. Nós e o mundo que acredita na liberdade e no respeito.  “Nunca mais” é um grito de cada vez mais vozes. E quando tantas vozes se unem, é impossível calá-las.