Por Vera Rodrigues da Silva

Eu sou Vera, assistente social com 20 anos de experiência. Atualmente curso pós-graduação em Gerontologia e atuo na Unibes, acolhendo famílias em suas fragilidades, principalmente com seus idosos. 

O envelhecimento populacional é um fenômeno global que traz consigo uma série de desafios e questões sociais, incluindo a violência contra pessoas idosas. Em 2011, a Assembleia Geral das Nações Unidas designou em reconhecimento à crescente preocupação global com o tema, o dia 15 de junho para conscientização da sociedade e a promoção de ações de prevenção do problema.

O Dia Internacional de Conscientização sobre a Violência contra a Pessoa Idosa serve como uma oportunidade para proteger os direitos, promover o respeito e a dignidade em todas as idades.

É importante destacar que a violência contra pessoas idosas é um problema complexo e multifacetado que requer uma abordagem abrangente e coordenada, envolvendo governos, sociedade civil, organizações, profissionais de saúde e assistência social, bem como a própria população em geral. É um problema complexo que muitas vezes está ligado à fragilidade e às vulnerabilidades associadas ao processo de envelhecimento.

Como assistente social, vejo na prática as dificuldades na abordagem do problema. Adoto uma abordagem integrada e centrada no indivíduo, faço um trabalho de fortalecer e buscar a família como suporte. Meu papel na abordagem das vulnerabilidades e violências enfrentadas pelos idosos é essencial. Encaminho, oriento, apoio emocionalmente e proporciono acesso a serviços e recursos da rede, seja ela pública ou privada. Poder contribuir significativamente para o bem-estar geral dos idosos e ajudá-los a desfrutar de uma vida plena e satisfatória é o propósito do trabalho.

A violência pode assumir várias formas, incluindo abuso físico, psicológico, financeiro e negligência. As relações familiares desempenham um papel crucial na proteção e no bem-estar destas pessoas. Quando essas relações estão fragilizadas, seja devido a conflitos internos, distanciamento emocional, falta de suporte, estresse por conta dos desafios do cuidado, este idoso pode ficar ainda mais vulnerável. As mudanças nas estruturas familiares, como o aumento de famílias multigeracionais ou a migração de filhos em busca de oportunidades de trabalho, podem afetar as relações familiares e o apoio aos idosos, aumentando o risco de abuso, negligência e institucionalização.

Quando a sociedade perpetua estereótipos negativos sobre o envelhecimento, isso pode criar um ambiente propício para o tratamento desrespeitoso e até abusivo em relação à pessoa idosa, contribuindo com a negligência ou exploração dessas pessoas. O idadismo, que é o preconceito ou discriminação contra pessoas com base na idade, é um componente importante a ser considerado ao abordar a violência contra pessoas idosas. Neste estereótipo distorcido, negam-se oportunidades e dignidade às pessoas por causa de sua idade e ainda contribui para sua exclusão social e marginalização. É importante promover a consciência sobre os preconceitos baseados na idade, valorizar a diversidade de experiências e perspectivas e garantir igualdade de oportunidades e tratamento justo para pessoas de todas as idades.

Para lidar com essas questões, é crucial implementar políticas e programas que promovam os direitos e o bem-estar das pessoas idosas, combatam o idadismo, fortaleçam os sistemas de cuidados e proteção social e criem redes de apoio comunitário para prevenir e responder à violência contra elas.

Conquistar esperança e reduzir a violência é um processo multifacetado que requer esforços coordenados em várias frentes. Pensando neste contexto, podemos capacitar profissionais de saúde, assistência social, segurança pública e outros que trabalham com idosos, para garantir uma resposta eficaz à violência. Incluindo treinamento para reconhecer sinais de abuso, como lidar com casos de violência e como apoiar as vítimas de maneira sensível e eficaz. Isso pode ser feito por meio de campanhas de educação pública, palestras e materiais educacionais que abordem o tema da violência contra esta população.

Desafiar estereótipos negativos sobre o envelhecimento, promover relações familiares saudáveis e fortalecer o senso de comunidade e solidariedade entre pessoas de todas as idades, promovendo uma cultura de respeito e cuidado é essencial para esta conquista. Iniciativas de vizinhança solidária, grupos de apoio, voluntariado e parcerias entre organizações da sociedade civil e autoridades locais, ou seja, fortalecer e criar redes de apoio a este grupo pode ajudar a protegê-lo de situações de risco, principalmente em territórios afastados. Implementar e fazer cumprir leis e políticas que protejam os direitos das pessoas idosas e combatam a violência é fundamental, além de medidas que promovam a participação ativa destes na sociedade. Incluindo linhas diretas de apoio, centros de atendimento a vítimas, serviços de aconselhamento e programas de intervenção precoce para identificar e interromper o ciclo de violência.

Ao adotar uma abordagem abrangente que combina educação, intervenção, suporte, políticas e mudanças culturais, podemos trabalhar juntos para conquistar esperança e reduzir a violência contra pessoas idosas.

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