
Por Daiane Moreira
No dia 25 de julho de 1992, foi realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, o 1º Encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas. O evento teve como pauta a luta contra a opressão de gênero, a exploração e o racismo enfrentados pelas mulheres negras em diversas partes do mundo. A partir desse momento, a data foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha.
No Brasil, o dia 25 de julho foi instituído como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, por meio da Lei nº 12.987, sancionada em 2 de julho de 2014. A data homenageia Tereza de Benguela, um dos grandes símbolos de resistência contra o sistema escravista. Tereza comandou por mas de 20 anos o Quilombo do Quariterê, localizado na região de fronteira entre o atual estado de Mato Grosso e a Bolívia. Sua história representa a força, a luta e a resistência das mulheres negras no Brasil.
O dia 25 de julho, é uma data de grande importância histórica, social e política, uma vez que visa dar ênfase as lutas das mulheres afrodescendentes em defesa de seus direitos e contra a opressão de gênero e raça. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população negra corresponde a 55,5% da população total, incluindo pessoas que se identificam como pretas e pardas. Em contrapartida, tanto no Brasil quanto em outros países, essa parcela populacional, sobretudo as mulheres são as que mais sofrem com as desigualdades socioeconômicas e raciais.
Além dos dados alarmantes de racismo e desigualdade, as mulheres negras vivenciam a violência de forma mais contundente. Segundo o Atlas da Violência de 2025, 68,2% dos assassinatos registrados em 2023, foram de mulheres negras. Isso indica que assim como a discriminação racial e de gênero, a violência também age de maneira interseccional. Diante dessa realidade, a luta por políticas públicas específicas para mulheres negras deixa de ser apenas uma demanda social, e torna-se uma urgência ética e estrutural, fundamental para garantir direitos, dignidade e vida.
Apesar dos desafios enfrentados pelas mulheres negras, essa data tem uma importância profunda e múltipla, visto que celebra várias conquistas, como a presença dessas mulheres no campo político, intelectual e artístico. Na literatura brasileira, autoras como Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus e Cristiane Sobral vêm contribuindo com narrativas potentes, que entrelaçam vivências, ancestralidade e resistência. Suas produções não apenas enriquecem o cenário literário nacional, mas também desafiam estruturas racistas e patriarcais, abrindo caminhos para que novas vozes negras possam ocupar mais espaços.
Daiane Moreira é graduada em comunicação social e redatora voluntária da Unibes Cultural.
Fontes:
ATLAS da violência 2025. Ipea Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
Disponível em: https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/arquivos/artigos/5999atlasdaviolencia2025.pdf
BELANDI, Caio. GOMES, Irene. Censo 2022: pela primeira vez, desde 1991, a maior parte da população do Brasil se declara parda. Agência IBGE Notícias, 2024.
Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencianoticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/38719-censo-2022-pela-primeiravez-desde-1991-a-maior-parte-da-populacao-do-brasil-se-declara-parda
25 de julho – Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
Gov.br, 2023.
Disponível em: https://www.gov.br/palmares/ptbr/assuntos/noticias/25-de-julho-2013-dia-internacional-da-mulher-negra-latinoamericana-e-caribenha