Em geral, a menção desta palavra desperta em nós um sentimento de medo, medo de enfrentar uma situação de luto. Muitas vezes até evitamos tocar no assunto, concluindo que ao trazer o luto à tona, talvez acabemos por atraí-lo.
A verdade sobre nossa situação é que, em maior ou menor grau, todos estamos de luto neste momento. E quando um assunto, principalmente um assunto tão difícil, deixa de ser tabu, conseguimos enfrentá-lo com menos dificuldade.
Afinal de contas, o que é o luto? Para introduzir esse assunto é importante ressaltar que atravessamos muitos lutos na vida e muitas vezes não nos damos conta disso. Não experienciamos o luto apenas quando falece alguém que amamos. Existem lutos menores, mais simples e mais rápidos.
Por exemplo, quando quebramos a tela do celular ao derrubá-lo no chão, podemos nos chatear por alguns dias, lamentando e lembrando de como o celular era tão novo e bonito antes de cair. Ou quando some, é roubado, ou se estraga algo de muita importância; um carro batido, uma viagem ou uma festa perdida. Ou mesmo um ideal, alguém ou alguma coisa que achávamos incrível e que nos decepciona, isso nos deixa mal. Um término de namoro, por exemplo.
Estes são apenas alguns tipos de luto que enfrentamos eventualmente, mas que passam relativamente rápido e não nos afundam em uma tristeza tão grande quanto os lutos mais sérios.

Ao explorar este assunto, naturalmente surgem questionamentos sobre o que caracteriza o luto. Podemos achar que muitas dessas situações mais cotidianas constituem apenas pequenas tristezas passageiras. Para isso esclarecemos alguns pontos de diferenciação.
Nem toda tristeza é luto. Porém em todo luto há tristeza. Para definir o luto assumimos que nele existe um processamento psíquico específico, que Freud descreveu em seu livro Luto e Melancolia, um texto de 1915.
O luto ocorre quando perdemos algo ou alguém a quem somos apegados, em quem investimos algum tipo de afeto, de energia psíquica. Diante do teste de realidade da perda, voltamos essa energia psíquica para as lembranças do que foi perdido e vamos, aos poucos, desligando essa energia de cada uma dessas lembranças. Isso tem como resultado a retomada da capacidade de investimento das nossas energias psíquicas em outras coisas e na nossa vida.
Um exemplo comum para descrever essa descoberta que Freud fez sobre o luto: num primeiro momento, existe alguém que investe uma energia, um afeto – vamos chamar essa pessoa de Eduardo – em alguém – vamos chamar essa pessoa de Mônica.
Um dia, algo acontece e confirma-se o falecimento de Mônica. Sabemos que na partida ou falecimento do outro, o amor que sentimos por essa pessoa não desaparece. Este momento caracteriza a fase do teste de realidade. Esse teste de realidade é um processo que confronta os sentimentos do Eduardo, que permanecem vivos, com a realidade que diz para ele que Mônica não está mais viva. Essa oposição inicia o processo de sofrimento.
É no momento do velório em que olhamos a pessoa e pensamos: esse corpo não tem mais vida. E ainda precisa ser enterrado, que é o momento mais duro.
A partir deste momento, o que acontece com todos aqueles afetos investidos por Eduardo em Mônica? Saiba a resposta e confira a matéria completa no link.