Google, Facebook e Twitter vieram à Unibes Cultural e trouxeram insights a esse respeito. Eles já avisam de antemão: a originalidade ainda é o ‘pulo do gato’
Queda de receitas publicitárias, jornais fechando, revolução digital. Qual é o presente e o futuro do jornalismo e, mais especificamente, do jornalismo local, em um cenário tão crítico como o atual?
Mas os jornalistas, comunicadores e demais presentes no Fórum de Jornalismo Regional e Comunitário queriam e precisavam enfrentar essas questões.
Em sua maioria profissionais de mídias locais, eles lotaram o auditório da Unibes Cultural em 3 de setembro para um debate com três gigantes da tecnologia: Google, Facebook e Twitter.
Os representantes dessas empresas da comunicação digital marcaram presença no primeiro painel do encontro, intitulado ‘Digital First e a contribuição das plataformas digitais para o trabalho jornalístico’.
Na ocasião, eles trouxeram insights para quem busca impulsionar a produção regional de notícias por meio de plataformas digitais online.
O que eles falaram e o que você deve reter
Nas apresentações, um consenso ficou claro: independentemente da ferramenta a ser utilizada, a originalidade ainda é o ‘pulo do gato’.
Por isso, é preciso pensar e produzir conteúdo original e relevante para o público buscado, antes de qualquer consideração sobre ferramentas e técnicas de distribuição.
Facebook: impulsionar notícias de impacto
“As notícias locais são aquelas que impactam”, destacou, por exemplo, Maíra Carvalho, que é gerente de parcerias estratégicas de mídia do Facebook.
Na ocasião, ela apresentou as principais ferramentas que a maior rede social do mundo oferece tanto a veículos quanto a jornalistas freelancers.

Entre elas, foram destacados o Facebook Watch, plataforma de vídeos sob demanda usada por veículos do porte de BuzzFeed, Vox, CNN, e Fox News, e o IGTV.
As duas, combinadas, podem possibilitar interessantes estratégias de geração de conteúdo audiovisual.
Para redações baseadas em conteúdo escrito, Carvalho destacou o recurso dos Instant Articles, que permite o carregamento rápido de artigos de sites noticiosos dentro do Facebook.
Conforme a página oficial do recurso, as páginas nessa ferramenta abrem 10 vezes mais rápido do que páginas comuns.
Mas um dos principais dilemas de jornais locais é, ainda, a monetização. Afinal, como converter e gerar uma base sólida? Eis o grande desafio!
E, para contribuir com o trabalho de empresas locais, o Facebook propõe assinaturas em PayPal, ainda no Instant Articles.
O veículo publicador fica com “100% da receita, 100% do relacionamento”, garante Carvalho.
O Facebook, continua ela, também disponibiliza seu estúdio de criação para jornais aprimorarem a produção e distribuição de notícias.
Trata-se de um espaço que “reúne tudo o que é necessário para você gerenciar e tomar medidas com eficiência em suas Páginas, alertando para novos recursos e oportunidades de monetização para as quais você pode se qualificar”, diz o site.
Postagens, interação, métricas e monetização ficam, assim, reunidas nesse ambiente integrado.
O Crowdtangle, ferramenta de monitoramento de redes sociais, também foi destacada no evento. Ela foi comprada pelo Facebook e permite que os jornais visualizem o desempenho de seus conteúdos nas diferentes redes.
Para conhecer outras iniciativas do Facebook voltadas para o jornalismo, acesse https://facebookjournalismproject.com/
O Twitter ‘é o que está acontecendo’
Nos últimos anos, nós vimos o Twitter tornar-se uma das principais plataformas de distribuição de conteúdos noticiosos. É quase impossível encontrar um jornalista ou veículo que não tenha uma conta na plataforma.
Por essa característica tão forte, Gustavo Poloni, parceiro de conteúdo, entende que “o Twitter não é apenas uma rede social. o Twitter é o que está acontecendo”
Sua definição, categórica, é verdade, contém seu embasamento: a rede social foi fundamental em eleições nos Estados Unidos, no Brasil e em muitos outros países.
Além disso, é por meio dela que debates políticos dos mais acalorados tomam forma. Um dos mais recentes, vale lembrar, foi o do presidente francês Emmanuel Macron contra o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, em decorrência de incêndios na Amazônia.
“A lógica do Twitter é a do #OlhaIsso, ao passo que as outras redes são #OlhapraMim”, compara. “As pessoas usam a rede para indicar a importância de algo”, continua Polani.

Conforme Poloni, há um benefício que distingue o Twitter de diversas outras formas de publicação: “As notícias vão três vezes mais rapidamente ao leitores do que em qualquer outra outra plataforma hoje existente”.
Ou seja: como nenhuma outra rede social, o Twitter é uma poderosa ferramenta de distribuição eficiente de conteúdos.
E por ser tão eficiente, ela transformou toda a lógica de produção de notícias. “Hoje qualquer pessoa logada na plataforma pode gerar seus próprios conteúdos”, afirma.
#NeymarChallenge, #ÉCoisadePreto, #DeixaElaTrabalhar foram hashtags que Poloni esmiuçou no evento, destacando a replicação orgânica que eles alcançaram.
O Brasil é o segundo colocado mundial no número de usuário no Twitter.
Google: novas ferramentas para veículos
“O jornalismo tem tudo a ver com nossa missão”, afirmou Rafael Correa, head de comunicações do Google no Brasil.
No evento, Correa apresentou as soluções desenvolvidas pela gigante da tecnologia para promover o jornalismo local.
A mais importante delas talvez seja a Google News Initiative, concebida em 2018 “como esforço para trabalhar com a indústria de notícias para ajudar o jornalismo a progredir na era digital”, conforme o site.
A plataforma promove parcerias, oferta de treinamentos, fundo de inovação, laboratório de notícias, entre outras iniciativas.
Entre seus parceiros estão tradicionais nomes como The Washington Post, The Guardian e The New York Times.

Para dar suporte às iniciativas locais, Correa destacou importantes ferramentas das quais jornais locais podem se servir, tais como o Google Adsense, o Google AdManager e o YouTube.
Paralelamente, foi tema da palestra a nova ferramenta “Subscribe with Google”, que auxilia veículos a converter subscrições e engajar o público subscrito.
“Basta escolher um veículo que participa da iniciativa, clicar, e pronto”, comenta. O pagamento é feito com as informações inseridas na conta no Google.
Além disso, em primeira mão, o profissional anunciou que a gigante da tecnologia estuda criar ferramenta que permitirá que leitores realizem contribuições financeiras para jornais de forma otimizada.
Igualmente, ela estuda criar mecanismo que permite verificar a propensão do usuário a assinar um conteúdo (‘propensity to subscribe’, em inglês).
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Com a parceria da Unibes Cultural, o 2º Fórum de Jornalismo Comunitário e Regional foi promovido pela plataforma Negócios da Comunicação e pelo Centro de Estudos da Comunicação (Cecom).
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