Envelhecimento: Desafios e Reflexões
Envelhecer é um processo natural da vida. Biológico, coletivo, mas muito individual. Ao se aproximar de uma pessoa idosa, é preciso compreender seu tempo e suas particularidades existenciais. Como olhar para esses desafios que transpassam questões sociais, de moradia, lazer e saúde?
Envelhecimento demográfico
Em dez anos, o número de pessoas com 60 anos ou mais passou de 11,3% para 14,7% da população — um aumento de cerca de 9 milhões de idosos no país, segundo dados divulgados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNADC- do IBGE.
Com isso, se faz necessário pensar e agir em relação a serviços acessíveis e moradia digna para idosos.
“É significativo o número de idosos que residem sós, isolados, sem vínculos afetivos, pela falta de parentes vivos ou abandono familiar, e com ausência de vínculos comunitários, tornando-se situação alarmante quando acamados ou apresentam transtornos mentais e/ou demências avançadas”. É o que dizem as pesquisadoras Rachel Katz e Anny Caroline Dedicação, no livro Morar 60+.
Moradia é um direito humano universal
O direito à moradia digna faz parte dos direitos sociais do cidadão, consolidados na Constituição Federal de 1988. Mas para além de ter um teto, é preciso ter qualidade de vida. No caso das pessoas idosas, é preciso ter acesso e garantia a uma rede de cuidados que passam por serviços públicos e a inclusão social. A abordagem do Cuidado Centrado na Pessoa Idosa (Icope) da OMS (2017) é guiada por quatro princípios:
1. Devem ser concedidos aos idosos os mesmos direitos humanos básicos oferecidos a todas as pessoas, inclusive o direito à melhor possibilidade de saúde.
2. Devem ser concedidas ao idoso oportunidades igualitárias de atingir o envelhecimento saudável, independentemente do status econômico ou social, local de nascimento e moradia ou outros fatores sociais.
3. O cuidado deve ser oferecido com equidade e sem discriminação por gênero, idade e etnia.
4. Os sistemas sociais e de saúde precisam estar integrados aos objetivos dos idosos, que podem variar ao longo do tempo.
Velhice não é doença
Rachel Vainzoff Katz* é gerente da Área Social da Unibes e trabalha com atendimentos a idosos: “Um dia uma amiga me convidou para substituí-la em ginástica para a terceira idade. Lembro na época de pensar: “Como assim? Idoso faz ginástica?”
Formada em fisioterapia, Rachel trabalha integralmente com gerontologia, que é o estudo dos aspectos de envelhecimento. Por meio da assistência social, Rachel pensa e atua no envolvimento de idosos na promoção de uma qualidade de vida maior: “Sou judia e na minha cultura aprendi a respeitar o próximo como a mim mesmo; que os idosos com sua sabedoria sempre têm algo a nos ensinar e que fazer boas ações devem estar no nosso dia a dia.”
Portal do Envelhecimento
Profissionais de diversas áreas e oriundos de diversas regiões do Brasil e de outros países, todos estudiosos do processo de envelhecimento na perspectiva do ser que envelhece e não unicamente que adoece, compartilham reflexões e informações.
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Velhice não pode ser banalizada
O Dia Nacional do Idoso é celebrado no Brasil em 1º de outubro. Uma data instituída para reconhecer a população idosa do país, promover a conscientização sobre seus direitos e desafios, e destacar a importância de garantir o respeito, a dignidade e o bem-estar das pessoas mais velhas.
Como dizem Rachel Katz e Anny Caroline Dedicação na pesquisa que citamos acima: “Por que temos que lutar pelos velhos? São a fonte da qual jorra a essência da cultura, ponto em que o passado se conserva e o presente se prepara. Deve haver espaços e projetos que visem à valorização da fala e da expressão das pessoas idosas. Como dizia Ecléa Bosi, a conversa evocativa de um velho é sempre experiência profunda: “repassada a nostalgia, revolta, resignação pelo desfiguramento das paisagens caras […] Para quem sabe ouvi-la é desalienadora, pois contrasta a riqueza e a potencialidade do homem criador de cultura com a mísera figura do consumidor atual”.
Viver 150 anos
Estudos dizem que o humano que vai viver 150 anos já nasceu. O documentário “Quantos dias. Quantas noites” busca refletir sobre a longevidade e todas as coisas ao nosso redor que conectam tempo e idade. Dirigido por Cacau Rhoden, produzido pela Maria Farinha Filmes, idealizado por Marta Pipponzi, com a participação de Alexandre Kalache, Sueli Carneiro, Ana Claudia Arantes, Mona Rikumbi, Ana Michelle Soares, Tom Almeida e Alexandre Silva. Em breve nos cinemas! Assista ao trailer :https://www.quantosdiasquantasnoites.com
*Rachel Vainzoff Katz é Gerente da Área Social da Unibes e Conselheira Estadual do Idoso – CEI. Milita na Rede de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa de São Paulo, trabalhou no Residencial Israelita Albert Einstein e participou da implantação do 1º Centro Dia para Idoso público do Município.
Fontes: Portal do Envelhecimento, IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, MORAR 60 MAIS, Revolucionando a moradia em face da longevidade, São Paulo: 2021.